quarta-feira, 17 de setembro de 2008

quarta-feira.


toda quarta-feira era assim. ela chegava em casa. e ele estava lá. no canto da cozinha. com um copo de vinho tinto nas mãos. camiseta amassada e um jeans desbotado. não chegava perto dela. era como se esperasse ela dizer alguma coisa. ela não se espantava mais. ás vezes levava alguma coisa pra ele comer. outras fingia não vê-lo. mas via. e desejava tanto. a barba por fazer trazia algumas lembranças. os cabelos despenteados ainda assim era belos. tinha sede. mas não era do vinho que ele levava nas mãos. era dele. pensava em pegar as chaves do apartamento de volta. mas tinha medo dele não voltar. não sabia bem o que eles tinham. era um amor de quarta-feira. ele olhava. mas nada falava. ela olhou também. colocou as mãos na cintura. e ficaram ali. sem dizer nada. sem fazer nada. ele tomava o vinho sem desviar o olhar. ela puxou um banquinho. sempre perdia o jogo. falava. aí ele a segurava nos braços. e matava a sede dela...

7 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

retratos de uma fotógrafa do tempo normal, cotidiano. e tem sempre um pouco de desejo na ficção ou na realidade. sempre tem. ou só tem. ou não.

um carinho, Jaque.

Alexandre Henrique disse...

Que isso ! perfeito, perfeito, perfeito! Lindíssimo texto, você segurou a magnitude do suspense, e soltou no final!!! Maravilhoso, Jaque, adorei mesmo!

Alexandre Henrique disse...

E vc publicou, isto na quarta, chega até da arrepios, visualizei ¨bordas¨, em um jogo de gato e rato!
adorei!

Letícia disse...

Passei pra ler e agradecer suas leituras no meu blog. Estou dando um tempo no Cosmic. Preciso recriar ou reciclar. Agradeço pelas visitas e assim que reabrir o blog, passo pra avisar.

Beijos.

E li o texto. Sede que não é de vinho. Muito bom.

Camilla Tebet disse...

E são quartas, segundas, sábados. Dias que não sabemos bem onde estamos pisando ou o que estamos vivendo.. São dias assim que fazem do vinho.... ah.. do vinho..
Adorei um texto.

Alexandre Henrique disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

é... nem sempre é de vinho que temos sede...