quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sobremesa!


Não sei porque. mas como uma resposta frenética. eu sabia. havia alguns dias que não tinha vontade de falar. nem ver ninguém. precisava de um pouco de solidão. mas isso dóia. me transformava num tom abaixo do que eu costumava ser. peguei o telefone. e liguei. perguntei se ele estava.
-Oi, sou eu.-Eu.
-Quanto tempo. pensei que havia me deixado.-ele.
-e Por que não igou?!-eu.
-você também não ligou.-ele.
-quer almoçar comigo.-eu
-no mesmo lugar de sempre?-ele.
-pode ser. -eu.
me arrumei. coloquei uma blusa vermelha. com um decote discreto. e uma calça jeans bem grudada no meu corpo. sabia que ele gostava das minhas pernas. elas eram finas e grossas ao mesmo tempo. não sei explicar. mas ele gostava. coloquei meus óculos escuros. e minha inseparável corrente com uma medalhinha de santo antônio. o salto de meu sapato fazia barulho na casa. mas eu não me incomodava. quando cheguei. ele já estava lá. tomava um copo de suco bem gelado. perguntou o que eu queria. mas me sentia meio estranha. talvez fosse eu. talvez fosse ele. era como se eu não soubesse. não entendesse. ele segurou em minhas mãos geladas.
-Senti sua falta.-ele.
fiquei quieta. não sabia o que dizer. poderia ser simpática. mas preferi não mentir. senti falta daquela solidão que antes me flagelava. comi pouco. ele se ofereceu pra me levar embora. preferi pegar um táxi. quando cheguei em casa. ele estava na porta. braços cruzados. olhar perdido em mim. e um all-star novo.
-Trouxe chocolate.-ele.
-por que veio?-eu.
-porque sabia que você gostava de chocolate.-ele.
-...
-posso entrar?-ele.
-acho que seria melhor...-eu.
ele pegou as chaves de minhas mãos. abriu a porta. e entrou. segurou meus cabelos. disse alguma coisa nos meus ouvidos. e me beijou. eu o beijei. nos sentamos no sofá. ele pegou um copo de água na cozinha. colocou as mãos sobre minhas pernas.
-tenho medo de te perder de novo. acho que você não pode me isolar quando sente vontade. também tenho medo. também preciso me encontrar a solidão ás vezes. mas prefiro encontrar você. mesmo que seja pra formar clichês. mesmo que seja pra ficar em silêncio. não importa. só preciso te ver. em alguns momentos ouvir sua voz. sentir teu perfume. te possuir. te trazer chocolates. entende?!
talvez eu entendesse. apenas não tinha sabido ainda...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carta


Queria escrever uma carta. poderia falar das belas tardes de primavera. mas resolvi falar de um adeus antecipado de uma suposta fatalidade qualquer. escrevia com dores e receios. busquei ainda ser prudente. pensava eu que era uma forma mais sincera de dizer o que sentia. talvez não pudesse falar pessoalmente. mas escrevia. incesantemente. os erros de ortografia não importavam. nem mesmo a caligrafia torta. ou as falhas da tinta de minha caneta. eu partiria dentro de uns dias. iria pra outro lugar. já sentia saudades daqueles olhos fechados que eram tão seus. e das conversas abrangentes que tinhamos. sentia saudade daquele tempo em que eu andava grudada em você. sentia raiva de uma separação imprudente. o destino não ajudava muito. o tempo corria rápido demais. e nossas horas reservadas foram canceladas. disseram que você estaria esperando minha volta. mas não tenho certeza. por isso escrevo. escrevo. escrevo. palavras sentimentais que chegam a ser clichês já conhecidos por nós. mas que eu gosto tanto de lhe falar. talvez eu deixe meu coração dentro de uma caxinha. talvez guarde em mim apenas as lembranças daquele tempo bom. deixo contigo meus eternos agradecimentos. tudo que sou. ainda é um pouco de você. por isso não queria te deixar. mas as escolhas nem sempre são nossas. quando você sorria meu mundo parava. eu quis que parasse. sentia um êxtase incontrolável quando sua mão tocava minha. as noites já não eram mais frias da última vez que te vi. o dia estava ainda escuro quando o telefone tocou pela última vez e era você. senti que éramos uma coisa só. dois corpos e uma coisa só. fechei meus braços tentando te sentir de novo. acho que não era eu quem partiria. mas você. por isso chorei. eu gostaria de dizer que tenho todo o tempo do mundo. mas não gosto de mentir pra você. coloquei nossa música pra tocar mais uma vez. você sempre chorava quando a ouvia. eu me segurava pra parecer forte. secava teu rosto. e te observava como quem procura alguma coisa. eu procurava por você em todos os cantos. em todos os cheiros. e temperos. ainda sou o que você é. e sei que você é o mesmo. eu te amo. e isso é a maior certeza que encontro dentro de mim.
Um Beijo de quem nunca conseguirá esquecer você querida tia-mãe...

Love...Amor..Aime...

passei dias procurando as palvras certas. anotei em meu caderninho. sujei as mãos com a tinta da caneta. e decidi que falaria de amor. essa coisa que todo mundo tenta explicar. ou pelo menos sentir. pensei no que seria. e listei algumas coisas.
amor:
-um gostar que não diminui de um aniversário para o outro.
-cama desarrumada.
-beijo roubado. e dado.
-bocas.
-braços entrelaçados.
-palavras perigosas.
-saudade.
-solidão.
-promessas.
-toques. e desejo.
-exagero.
-desapego apegado.
-olhares.
-manhãs. tardes. e noites.
-bilhetes. e cartas.
-cerveja. vinho. suco. e refreigerante.
-doce e salgado.
-viagens.
-perguntas. e respostas.
-carne. e alma.
-abraços apertados.
-sexo. transa. amor.
-filmes de madrugada.
-almoço. e janta.
-telefonemas.
-cumplicidade. e lealdade.
-amizade.
-desejo.
-conversas secretas. e abertas.
-pijama. e grife.
-água. e espuma.
-arreíos.
-eternidade.
-intensidade.
-rir. e sorrir.
-chorar.
-falar baixinho. ou gritar.
-fazer planos.
-vida. e morte.

talvez porque fosse inexplicável. talvez porque não pudesse definir. ela queria...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Sou


sou ausente. desconheço tempo. e lugar. já perdi apostas. amigos. amores. confiança. cigarros. e desenhei nas paredes. rabisquei folhas de papel. inventei seres medonhos. convidei a solidão. abri as portas para o vazio. guardei meu coração na gaveta do criado mudo. dispensei os sentidos. escrevi cartas. encontrei passageiros. sentei na mureta de cimento gelado. me agasalhei numa tarde ensolarada. perdi o juízo. e corri. o corpo suado. as mãos fechadas. olhar embriagado. pés descalços.
sou só.
sou com alguém.
sou pó.
sou de ninguém.
sou nó.
sou com desdém.
sou um ser. que busca a animação inanimada. a limitação ilimitada. a vida desennfreada. as mãos desamarradas. o olhar esculhambado. um quarto abandonado. um silêncio abafado. uma companhia sincera.
já não sei. talvez nunca tenha sabido. o desconhecido alerta chegada. minha mente emaranhada. meus retrados antigos. os livros esquecidos. meu amanhã despontado.
e sou o que mais ninguém é. ou o que todos são. não tenho certeza. a parede amarela. me lembra um sorriso. a taça de vinho me lembra uma noite. e o espelho me mostra o que nem mesmo eu sei o que é.

terça-feira, 15 de julho de 2008

"O coração tem que se apresentar diante do Nada sozinho e sozinho bater em silêncio de uma taquicardia nas trevas"
(Clarice Lispector)

domingo, 13 de julho de 2008

Nova estação.

se mudara para aquele apartamento pequeno. queria sua liberdade. queria seu espaço. copos de cerveja. cinzeiro cheio. conversas de madrugada. refúgios. músicas. amor. descompromisso. amigos. não tinha fogão. mas tinha um bom rádio. sua coleção de livros ficava numa estante improvisada. precisava ligar pra antiga casa. os pais deveriam estar preocupados. talvez não. pensavam que ela precisava crescer. ela tinha certeza que sua vida era composta de apenas duas fases. adolescência e velhice. achava que nunca seria adulta. e gostava disso. se preocupar. não .a única coisa que queria era um amor verdadeiro. ou algumas paixões momentâneas. o telefone tocou. deixou o barulho se alastrar. colocou uma roupa. amarrou na cintura seu moletom vermelho. foi tomar um café sozinha. as ruas estavam vazias. ela comprou algumas revistas. folheava. se distraia com pensamentos corrompidos. pegou um ônibus para outra cidade. era insensata. mas queria o ver mais vez. sabia onde o encontrar. ele estava sorrindo para outra. tocava o rosto da outra como se tocasse o seu. ela chorou. ficou calada. e telefonou para sua amigas. algumas horas depois Lia e Cris apareceram. levariam ela embora. ela acreditou que era apenas uma criança teimosa. esse negócio de se entregar e amar de verdade.
-Eu ainda o amava-ela disse.
-Ele não merece sua lágrimas-Lia disse.
-Vamos beber alguma coisa- Cris disse.
-Quero ficar só-ela disse.
-Não vamos te deixar sozinha nesse estado-Lia disse.
-Vamos dormir com você então-Cris disse.
-Ok.
Ela passou a noite em claro. pensava em várias coisas que poderia ter feito diferente. mas talvez fosse apenas uma garota de estações...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Plano de fundo.

algumas coisas acontecem desde que nascemos. acredito eu. a competição entre seres é um estimulo longíquo e prolongado. mas o mais interessante são as sensações. antigamente se casava ainda criança. depois com a mudança dos tempos. as crianças passaram a namorar cedo. e hoje a palavra casamento está em extinção. essa coisa de bodas de prata talvez seja motivo de zuação. costumes como pedir a mão da noiva pro sogro. acho que nem existe mais. e penso eu sobre a nova geração. descompromisso é o que vejo. sinto as pessoas se tornarem vazias. qual seria a imensa graça em estar só. quem não ama. não sente. que não chora por amor. não existe. quem não planeja viagens com uma única pessoa. não vai a lugar nenhum. e o amor são juras eternas. de fases boas e ruins. o plano de fundo das novas décadas. se resume em medo de dividir espaços. mas não acredito em uma divisão que resulte em subtração absoluta. vejo apenas uma soma. cujo resultado é a multiplicação de sonhos e cumplicidade. contar segredos. discordar de idéias. gritar. amar. chorar. sorrir. continuar. tudo isso dá a idéia de um plano de fundo multidisciplinar. temperos saborosos. sons amplificados. por que uma geração desistiria. me pergunto. as festas podem ser partilhadas com alguém que te conhece nos mínimos detalhes. acredito ser mais interessante do que festejar com alguém de quem você nem se lembrará o nome. e mais uma vez me pergunto. o resto de uma vida incerta. deve mesmo ser solitária. espero que os tempos mudem de novo. e as pessoas se tornem amantes a moda antiga...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Encosta-te a mim...

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar,
mas quero-te bem,
encosta-te a mim

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer

Jorge Palma

Sem Limites.

O limite era a linha tênue entre o não saber e o ter dúvidas. conhecia algumas regras. desrespeitava os avisos. preferia andar na rua do que na calçada. gostava de falar quando pediam silêncio. usava all-star em noites de gala. dormia de dia. fumava cigarros. e aí não tinha limitações. nem sequer tinha alguma cor predileta. mas vivia. andava pelas ruas olhando. tinha alguns amigos. tinha um grande amor. tinha alguns jeans surrados. tinha um fita vermelha para prender o cabelo. tinha óculos escuros. tinha algumas palavras. tinha uma caneta. procurou um telefone. a linha estava ocupada. pediu um táxi. não sabia dirigir. chegou a um lugar conhecido. tocou a campanhia. seu coração acelerado. o relógio apontava os minutos de espera. alguém apareceu. levou ela pra dentro. ofereceu chá. ela quis vinho. conversaram. ouviram algumas músicas. ele a convidou pra comer alguma coisa. ela aceitou. ele fez uma salada e macarrão. depois beberam mais vinho. voltaram para o sofá. deram algumas risadas. ele a segurou nos braços e a beijou. a surpresa foi provocante. ela segurou seus cabelos. se beijaram mais uma vez. conversaram. riram. ele acariciou seu rosto como se tocasse um pano de seda. e então ele começou a beijá-la no pescoço. ela debruçou no sofá. talvez não fosse a coisa certa a fazer. mas se deixou levar. se amaram. a noite batia nas janelas. a madrugada invadiu a casa. ela queria se despedir. mas decidiu ficar mais. ele dormiu em seus braços. ela se foi mais tarde. prometeram se encontrar na próxima semana. mas um procurou o outro antes. precisavam de mais uma dose de paixão. mais um sorriso. mais uma conversa. mais vinho. mais promessas. mais amor...

domingo, 6 de julho de 2008

Será que ainda tem passagem pra outro planeta?!