terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Wh. RB.

era um desejo. um vício. um outro encontro.
enquanto eu me perdia. você estava comigo.
era tudo o que eu podia ser. num desleixo qualquer.
era uma vontade desenfreada. inacabada. intocada.
era você. era eu. e simplesmente éramos.

depois de tanto tempo. de tanta dependência. de tantas histórias.
o estrago. desmantelado. infundado. cheguei a ser mais sua do que podia.
vivi coisas que nem o tempo. nem mesmo memórias guardariam.
sobrevivi a seus acessos de fúria. a sua imcompreensão tão desmedida.
cheguei a me perder. só pra te encontrar mais uma vez.

senti a maior dor do mundo. perdi as rédeas. ganhei você.
era simples. era um gosto. meu mundo novo.
mas agora já não era mais eu. só você.
por isso fui embora. te larguei por aí. e decidi.
uma mudança seria bem-vinda. mesmo que ninguém acreditasse.
mesmo que eu mesma tivesse dúvida.

o que guardo de você. são caminhos tortos. mentiras verdeiras. e amplificação de sentidos. são lembranças que são mais suas do que minha. são contextos incontestados. caminho abandonado. amor disperdiçado.

e agora sou minha. da forma que eu quiser ser.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Doce encanto de Pearl

imagem de vinicius mattoso

de todas as intensidades. quis amar. de todos os erros. quis participar. de tudo era um pouco dela. as tonalidades mais distintas. os prazeres mais carregados. as verdades mais absolutas. essa era Pearl. a menina que quis conhecer o mundo. e experimentou todos os sabores. sabia cantar e criar. era ausente de si durante as noites em que cantava. se transformava. era como se ficasse nua. podia ser vista sem medo. era livre ali. era o seu lugar. era a mulher da voz rouca. e das expressões amplificadas. e por mais sozinha que fosse. queria pertencer a alguém. que fosse como ela. cheio de sentimentos. se perdia no caminhos que escolhia seguir. mas jamais parava. continuava. era parte de seu coração. era tudo o que tinha agora. o mundo. nada mais escapava de suas mãos. ninguém deixaria de ouvir suas palavras. era tão doce e aspero.
INTENSIDADE E LIBERDADE. era os votos que ela escrevia no coração do mundo.


"A liberdade nos leva a sentir, e os sentimentos não podem ser ruins. Somos feitos de sentimentos. Estamos compostos de sentimentos e existimos e vivemos por eles, no que me diz respeito. Acho este tipo de liberdade linda" Janis Joplin.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

efeito colateral

nas entrelinhas tortas. discordava. os contratempos viravam passatempo. e ela pequena de grande. se acostumava. era um efeito colateral. a forma como sentia desejo carnal. agora crescia dentro dela. e numa mesa de bar. ao se levantar. foi encontrar. alguém que nem sabia quem. foi uma. duas. três. quatro. cinco tequilas. até que ela se deixasse levar nos braços dele. sem balbuciar. nem dizer nada. foram até o carro parado na esquina do lado. ele a tomou por inteiro. sem que ela pudesse sentir. esse era um dos efeitos do agora que ela vivia. desejava. mas não sentia. era descartável qualquer envolvimento. que sempre passageiros. não deixavam lembrança. a mulher chegou em casa com os sapatos nas mãos pra não fazer barulho. a maqquiagem borrada. o cabelo dessarumado. o vestido meio aberto. não gostava mais do rumo que tomava. se sentia tão suja. e inanimada. como podia. como queria. como seria. deveria parar de tomar aqueles remédios. um deles era pra evitar o amor. outro para evitar aproximação. outro era para evitar saudade. e o último era para que não sentisse dor. agora ela queria interromper os tratamentos. e ter o efeito desfeito. queria poder sentir. queria poder ter saudade. queria até mesmo ter dor. porque assim se sentiria viva. numa entrega desmedida. num caminho sem saída. podia ficar presa dessa vez. mesmo que errasse de novo. mesmo que tomasse o mesmo rumo. mesmo que chorasse. mesmo que desacreditasse. porque não queria mais ser sozinha. mais que ser dela. queria mesmo. era ser de alguém...

P.s: PLEASE, JUST A HISTORY!!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

a garota que voava.


vou me embora. tomar rumo. criar destino. alimentar sonho.
vou pra qualquer lugar. acabei de virar gente.
vou pra onde eu posso descansar.
vou eu e minha alma.
vou rápido.
vou.

aprendi a voar. tomei alguns tombos. o vento bate insolente.
aprendi que não se desiste das coisas. nem do tempo.
aprendi que o maior amor. é o meu. sem perjúrios.
aprendi que a certeza não existe.nem é nossa.
aprendi que posso tudo. e não temo nada.
aprendi. aprendi. e sei.

agora vou me indo. sem caminho. sem certeza. mas vou porque aprendi. e agora sei.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

E se...

Já se olhavam entre lençois e braços entrelaçados. depois de uma longa noite de entrega.
-Vamos fazer uma brincadeira?- disse ela com a voz em sussurros.
-Qual?- disse ele intrigado.
-A brincadeira do "E se..."
-...
- E se eu tivesse que mudar de país?
-Eu te esperaria até o último minuto da minha vida, ou iria com você. E se nos casassemos...e se tivessemos filhos...
- E se o tempo não deixasse isso acontecer?
-Então seriamos só nós dois de qualquer forma. E se você pudesse realizar um sonho?
-Seria médica na África, salvaria vidas e não teria mais dúvidas quanto minha existência. E se tivessemos uma briga feia?
-Eu discutiria por alguns minutos, mas depois me calaria, te abraçaria, enxugaria suas lágrimas e pediria para não brigarmos nunca mais. E se eu trabalhasse num lugar bem longe de você?
-Eu iria junto, e ficaria ao seu lado. E se você pudesse fazer um pedido agora?
-Viajaria o mundo com uma mochila nas costas, conheceria e escreveria várias histórias e não teria endereço fixo jamais. E se eu te pedisse uma coisa agora?
-O quê?
-Dança comigo?
Dançaram no quarto iluminado por velas. com o corpo colado. e permaneceram ali. a janela de vidro revelava os segredos deles. o conjunto que formavam. a continuação que eram um do outro. o imediato que viviam e o amanhã que esperavam...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

tic-tac.

é estranho como sentimos o tempo passar. sem sequer observar os ponteiros do relógio. poderia dizer que a presença desse tal tempo. já não me incomoda mais. deixei também de me apegar demais às pessoas. isso só me deixava à beira da fragilidade. essa que me tornava vulnerável . antes confesso. que era uma carente profissional. e uma pessoa insegura. assídua. as minhas lembranças guardei em lugar perigoso. para que fossem roubadas. agora sou solitária. e isso faz bem pra mim. é como se vivesse meu anos dourados. sem dor. posso dizer que só tive um amor. nesse tempo todo. e se alguém morresse de amor. eu estaria morta. porque amei. e ninguém poderia amá-lo como amei. deixei tudo pra trás. inclusive quem eu era. passei a ser a outra. que ele gostasse que eu fosse. não tinha preocupações. não fazia planos. e não tinha apegos. mas cansei de encenar. os holofotes do palco apagaram minha cor. e sem que ele percebesse. me perdia. com todo seu desleixo. ele me perdia. com todo seu descaso. me perdia com toda sua ausência. me perdia. enquanto isso eu me procurava. até me encontrar de novo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A garota e o rockeiro.


a ausência dele sufocava o peito da garota. sentia tanta falta de dormir com a cabeça sobre o peito dele. e ouvir os sussuros e promessas que ele fazia. dessa vez não estava preocupada. já não era mais insegura. apesar de jovem. baniu alguns sentimentos pertubadores de si. o ciúme foi esquecido. e as desanvenças resolvidas. acreditava nele. e isso bastava. pela primeira vez disse a si mesma. que seria eterno. enquanto o fim não chegasse. estava tão cheia de si. mesmo com a falta que ele fazia. certamente choraria uma possível partida sem volta. mas não morreria. viveria. porque isso era escolha. e ela tomou decisão de seguir com ele. todos os dias de sua vida. até que ele acompanhasse ela também. e sabe o que mais fazia falta. a ausência do toque. do cheiro. das mãos quentes. das palavras bonitas. dos desejos repentinos que ele realizava. dos dias em que via ele tocar numa banda de rock. outro dia mesmo. ela até pediu ele em casamento. ele brincou com ela. pensou que fosse brincadeira. mas era real. simples. mas de verdade. faria loucuras com ele. mudaria de cidade. e até de planeta. enquanto ele quisesse estar ao lado dela. ela vivia mexendo no cabelo dele. talvez ele não percebesse. mas era uma forma de dizer que o apoiaria. do jeito dela. viu até um vestido pro dia dela. seria branco como das noivas. não muito cheio de coisas. mas que mostrasse as curvas e cores que ela carregava em si. depois poderia ir pra qualquer lugar. e falariam qualquer idioma. desde que estivessem juntos. um companheiro do outro. a ausência dele ainda sufocava o peito dela.

P.s: só uma história.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Milagre

Tinha os pés pequenos, os braços compridos, pele branca e cabelo encaracolado. além de desengonçado, sempre se perdia. talvez tivesse algum problema com as ruas. dizia ele que elas se moviam de lugar à todo instante. não tinha ninguém que o esperasse e o deixasse de castigo. afinal de contas, Danilo já tinha seus quinze e pouco anos.

Tinha os ombros largos, a cor escura, e vesia terno. além de bem sucedido, Joca era homem bom de coração. nunca se atrasava. não bebia e não fumava.

- Tá com algum problema garoto?
- Tô perdido. Mas isso eu faço sempre.
- Acho que posso te ajudar. Você sabe qual é o endereço?
- Não... Vou esperar mais um pouco vê se me lembro.
- Posso esperar com você?
- Você é traficante moço-negro?
- Meu nome é Joaquim, e sou médico.
- Como? Você é negro. Minha mãe diz que pessoas da sua cor são perigosas.
- É mentira. Estou conversando com você há meia hora e não fiz nada com você, certo? Eu cuido para que as pessoas se curem.
- Como assim?
- Quando alguém me procura e tem um machucado, eu cuido da pessoa.
- Será que você pode me curar, seu médico?
- Sente dor?
- Sim. Minha cabeça dói e ouve coisas. Minha mãe num gosta de mim, por causa disso.
- Talvez você seja ezquizofrênico, sabe o que é isso?
- Sou eu?
- É o que você tem, mas não é você. Garoto, sua mãe está errada em não te amar. Deveria perceber que você é um milagre.
- Sou especial?
- Claro que sim.
- Igual o Batman?
- Melhor que ele, você é real, de verdade, gente. Pode ser o que você quiser. O que você quer?
- Quero ser astronauta e morar na lua.
- Vai ficar na lua sozinho?
- Não...não. O moço-negro vai vim comigo, porque é meu amigo.

Joca ficou ali, e pela primeira vez perdeu hora.
Danilo fez seu primeiro amigo, e pela primeira vez viu que não era sozinho no mundo.