terça-feira, 19 de janeiro de 2010


"Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem".
(Caio Fernando Abreu)


Tinha passado algumas noites sem dormir.incompreendida que era a menina. às vezes era assim perdia o sono. de vez em quando passava noites lendo e ouvindo blues. depois o sol chegava. e ela ia dormir.era toda ao contrário a menina descalça. as palavras saltitavam da cabeça pro papel branco. e depois de organizadas. se perdiam. confundidas as palavras e os passos da menina. os pés já estavam sujos de poeira e de terra. mas ela gostava assim. sentia tudo. eles passavam por tantos lugares. esse era o único jeito dela conhecer todas as coisas. queria tantas coisas. queria voltar alguns anos. balançar no balanço de madeira do fundo do quintal da sua casa de infância. depois queria bolo quente que a vó fazia. ai queria viajar pra um lugar distante. desejou que ele voltasse pra ela. arrependido e apaixonado. depois de tanto querer abriu seu livro de poemas. alimentou se de palavras. então saciada.descansou.

(imagem: http://tertuliacomsotaque.blogspot.com/2009/10/pe-descalco.html)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Clube dos corações solitários

GUERRA. ASSALTO. TORTURA. Uma xícara de café bem quente em um gole só. Frio. Quarenta graus centígrados. Sede. Atropelamento. Dor de dente. Gripe. Ouvir um disco inteiro do Yes. Pepinos. Morder a língua. Trabalhar no fim de semana. Vestibular. Estudar. Ressaca. Chuck Norris em um sábado à tarde. Estar perdido no meio da madrugada naquele bairro em que você jamais pensou que iria entrar, quem dera se perder. Pessoas chatas. Vegetarianos terroristas. Cerimônia de Oscar em versão dublada. Falta de luz sem que você tivesse salvado seu trabalho no micro. Rodar de ano. O aumento do preço dos CDs.
Hoje fiquei boa parte do tempo listando coisas horríveis que podem acontecer com um ser humano. E cheguei à triste conclusão de que nada é pior do que ouvir do seu namorado, aquele que você tem certeza que é o homem da sua vida. Um “Eu não te amo mais”.

(Clube dos corações solitários- André Takeda)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Partida!

Fazia e desfazia as malas. era como se não soubesse se queria mesmo ir embora. ou se ficaria ali. foi até o banheiro e molhou o rosto. nada adiantou. continuou fazendo as malas. pra logo depois desfazê-las. estava embriagada de uma confusão qualquer. de um súbito incessante de não saber das coisas.
talvez não fosse a partida. mas a mulher. que sem saber estava partida.
partia. partida. parte.
que coisa estranha. esperaria ele chegar. pra ver o que faria. se partiria. se ficaria. ela ainda não sabia.