quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sonho de menina

Em passos largados e obtusos corria desesperadamente, parecia atrasada. Os cabelos ondulados carregavam uma flor vermelha. Nas mãos não tinha nada e nos olhos levava todo o brilho que ele já havia visto. Ela parou na frente dele, o rosto avermelhado daquela corrida inesperada.
-Você viu se tinha alguém aqui?
-Aqui aonde moça?
-Aqui.
-Acho que não, mas estou de passagem, cheguei agora e já vou indo.
-Você tem certeza?
-Num sei, acho que tenho.
-Estou procurando uma mulher de meia idade, cabelos caramelos, olhos tristes.
-Preciso ir, boa sorte na sua procura.
De repente ela segurou forte nos braços dele, como se pedisse pra ele não ir embora, esperava ele dizer que viu a tal mulher. Ele olhou nos olhos dela, perderam o brilho.
-Moça não posso te ajudar.
-É minha mãe, preciso encontrá-la. Sempre me atraso, ela deve ter ido embora.
-Vai até a casa dela, ela deve estar lá.
-Não sei onde fica. Sinto tanto a falta dela. Eu fui embora mas sempre quis voltar.
-Ela deve estar atrasada só isso.
-Acho que ela desistiu de mim, será que não sente saudade?
-Deve sentir...
-Eu quis tanto voltar, mas o tempo passou e eu nunca criei coragem.
-Mas agora você está aqui, procura por ela.
-Ela sempre vinha nessa praça de tarde, gostava de sentar no banco, ficar embaixo do sol, vinha sempre no mesmo horário.
-Ela vai chegar, moça. Pra onde você foi?
-Fui atrás dos meus sonhos, tinha que virar gente. Conheci lugares incríveis, tive grandes amores, cantei diversas canções.
-Mas por que deixou sua mãe?
-Porque o sonho dela era eu, e ela jamais me deixaria ser alguma coisa, pra ela bastava que eu fosse o sonho dela, não precisava ser mais.
-E por que voltou?
-Quero ser o sonho dela de novo, não preciso ser mais.
-Precisa ser você, moça.
-Eu sou. O que sou é ser o sonho dela. Sou tanto dela que ela acaba sendo tudo meu. Precisei de tempo pra entender as coisas da vida.
-Kéka- Gritou uma voz do outro lado da rua.
A menina de cabelos ondulados, saiu em disparada. Abraçou a mulher de meia-idade e olhar triste. Tinham o mesmo sorriso. Ficaram ali por minutos incontáveis. Choravam de alegria.
-Quero ser seu sonho de novo mãe.
A mãe explicou pra moça que seria ela sempre o seu sonho, não precisava ficar presa. Devia ela ser sonho livre...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O que faz você feliz?


o que faz você feliz?
ouvi essa pergunta em alguns lugares. de algumas bocas. e pensei o que poderia resumir felicidade.
ser bonita. a marca do carro. poder. fama. dinheiro. status. uma casa com varanda. alguns amigos. outros copos. uma festa.
não era bem isso. e fosse isso. pra alguns. não pra mim. por vezes persegui sonhos. as coisas parecem certas antes de acontecerem. todos os desejos. realizados ou não. são conforto. a primeira vez que sai de casa. e dormi com a luz acesa de medo. e outras milhares de vezes que quis voltar. as risadas que dei com pessoas que (des)conhecia. as poucas reuniões de família que todo mundo fala ao mesmo tempo. e quando andava a cavalo. e me perdia em devaneios. ou quando passei noites acordada jogando video-game com meu irmão. ou quando apenas ficava ao lado de meu amor. falando besteiras. ou me sentindo segura nos braços dele. as tardes de domingo que passava com minha avó. e junto com meus primos fazia o maior barulho. depois comia bolinho de chuva. e ainda soltava pipa com meu vô. as cervejadas com a turma de escola. as viagens de verão. os churros que meu pai me levava pra comer. a gargalhada exagerada de minha mãe. os livros e as músicas que me levavam a outro mundo.
felicidade é feita de momentos. de pessoas. de sentidos. não de coisas. não de marcas. não de dinheiro. não de falsidades. não importa se tudo não sai do jeito que era pra ser no inicio. não importa se as coisas mudam. não importa o que dissemos. o que importa mesmo é o que vivemos de verdade...

imagem devianart by_CrazyKcee

domingo, 11 de outubro de 2009

passava horas tentando desenhar. peixes. borboletas. pessoas. e pintava cores. azul.amarelo.verde. lilás. gostava de vermelho. às vezes passava horas escrevendo palavras. qualquer uma que fosse. pudesse fazia rima. gostava de combinar as coisas.
a menina. já grande de idade. e pequena de tamanho.
tinha tanta coisa dentro de si. encoberta. quieta. sozinha. tinha tantas coisas. mas às vezes não sabia o que falar...