quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Péssimo hábito.

ela tinha um péssimo hábito. falava demais. acreditava estar certa o tempo todo. e se intrometia nas escolhas. de todos que estavam perto dela. pensava ajudar. mas ás vezes magoava. falava verdades. que eram dela. o azul podia ser verde. se ela quisesse que fosse. mas não para todos. e ela se entristecia. certa vez. discutiu. mas não mudou. afastou algumas pessoas. e sentia falta delas agora. não sabia o que fazer. poderia pedir desculpas. mas isso não apagaria o que tinha dito. não era fácil pra ela também. queria ficar quieta. mas quando percebia. falava. e se impunha. e brigava. e mais vez chateava. era um hábito. um jeito. um medo. não queria parecer omissa. precisava ser. e achava que daquele jeito. seria. mas não era. não respeitava diferenças. nem crenças. e agora sentia saudades. alguns se acostumavam. outros iam embora. ela se sentia só. quando seus telefonemas. eram ignorados. e suas cartas não respondidas. queria voltar no tempo. e se omitir. mas não fazia por mal. era o que pensava. sentia tanta necessidade. de mostrar seu ponto de vista. mas não aceitava opostos. fechava os olhos. respirava fundo. continuava. tentava convencer. mas depois. quando chegava em casa. percebia que nem ela acreditava mais...

P.s: Dedico esse texto a todos que conviveram com meu péssimo hábito. Aos meus amigos, peço desculpas, seja lá onde vocês estejam agora. No sofá, na cozinha, na cama, no jardim, na mureta, em outro país, aqui ao lado, tanto faz.

4 comentários:

Mariah disse...

hj já li algo parecido por aí...em algum blog de alguém que também acha que falava (?) demais...sei do que vocês falam pois também senti na pele a dor de ter sempre razão, independente da verdade, a razão sempre era minha.
hoje vejo que é muito difícil aceitar opiniões diferentes...é mais confortável sentar sobre as nossas verdades e...simplesmente...atacar quem tentar contrariá-las...afinal elas são tão confortáveis, mudar algo traria tanto transtorno.
admiro demais as pessoas que prestam atenção e que, nitidamente, assimilam conteúdos novos...mas acima de tudo, admiro incrivelmente quem, um dia achou que era dona da verdade absoluta e conseguiu ser sábio o bastante para saber que...existem tantas verdades absolutas por aí que não há necessidade de haver um dono só.
tolerância e bom senso são a receita do sucesso de viver.
parabéns querida...nunca é tarde para tentar resgatar o amigo que ficou perdido no quintal da nossa vida.

Camilla Tebet disse...

"o azul podia ser verde. se ela quisesse que fosse." Tem épocas em que realmente acreditamos nisso né? ai o tempo passa, começamos a sentir falta da pessoas que não deeram conta... e ai vemos, ainda triste que o azul muitas vezes nem azul é.
Mas saber pedir desculpas e saber reconhecer certas coisas é um passo tão importante, mas tão importante.. ai ai.. Beijos pra vc.

Alexandre Henrique disse...

O que é isso acabei de falar em texto meu sobre azul e verde, juro que não tinha lido este teu texto teu, que isso :) shsh!

Poxa Jaque, quato amor e coragem você tem em admitir, que nem sempre o nosso conforto é a nossa verdade. Se alguma verdade existe com certeza deve ser partilhada, poxa obrigado por me fazer perceber o que é tão importante comprender as opiniões dos outros quanto entender as minhas. E logo assim de um maneira tão gentil.

Beijos Jaque,
Alex.

Germano Viana Xavier disse...

moça loquaz que escreve e é a própria história.

conhecendo almas...

um carinho, Jaque.