terça-feira, 12 de agosto de 2008

nosso tempo.


estavam deitados. ela sobre os braços dele. ele com uma das pernas dobradas. falavam de tantas coisas. eram cúmplices. ele falava menos. ela sorria. ficaram calados. o chão gelado. a lua iluminava um sorriso discreto. a manhã chegaria. mas não importava. pareciam dois adolescentes. faziam planos. imaginavam a casa. os filhos. o trabalho. tinham tanta certeza de estar juntos. a casa teria varanda. os filhos seriam parecidos com os dois. e o trabalho seria escolhido a dedo. ele trabalharia com cultura. e ela com políticas sociais. teriam também uma biblioteca. gostavam de livros. eram tão parecidos. embora parecessem opostos.
-Queria ter um quarto com fotos.-ela.
-tudo bem.-ele.
-e queria ter uma planta.
-planta. tudo bem. aonde?
-ah na varanda. e na cozinha.-ela.
-poderiamos ter video-game.-ele.
-você sempre perde. qual é a graça?-ela.
-te ver ganhar.-ele.
ele roçou a barba no pescoço dela. a abraçou. ficaram ali. como se a noite fosse deles. na verdade, todas as noites eram deles. contavam segredos. faziam confidências. beijavam o canto da boca. a boca inteira. o pescoço. a buchecha. o corpo inteiro. a mão dela era tão pequena perto da dele. e então ela gostava de se perder dentro dele. do abraço.
ela durmiu. ele não. gostava de olhar ela. desenhava seu corpo com os dedos. todas as curvas. todos os traços. sentia por não poderem se ver todos os dias. queria poder dormir nos braços dela. mas nem sempre era possível. queria dar um jeito. ela vivia reclamando. queria poder acordar nos braços dele. precisavam que os anos passassem. que a hora chegasse. e então seriam só os dois. fariam novos planos. teriam novos desejos. amariam mais. isso eles tinham certeza. iriam ao cinema aos sábados. comeriam pizza aos domingos. mas não existiam regras. eram livres. mas ele era dela. e ela era dele.

4 comentários:

Alexandre Henrique disse...

O tempo liberta unindo. E corre separando. Adorei! Belo texto muito sensível e ainda assim real.t

Germano Viana Xavier disse...

história de Alex e Acracia...

A - sem
Lex - lei

A- sem
cracia - governo

Alex é ele.
Acracia é ela.

É o amor.

Apareça sempre, Jaque.

Anônimo disse...

Um dia vão descobrir que ela sempre foi dela mesma e ele, dele mesmo. E mesmo assim o amor vai existir, apesar de diferente...

Bjs

Gustavo Martins disse...

por que ele não gostava de olhar a moça?