quinta-feira, 14 de agosto de 2008

caneta e papel.

escrevia frases tortas em linhas retas.
gostava de cartas.
decifrara o amor em uma delas.
mas não havia mandado.
queria dizer as palvras certas.
embora não tivesse encontrado.
não tinha pensado em nada.
mesmo que passasse noites em claro.
sentia medo. talvez ninguém soubesse.
ainda que todos perguntassem.
precisava de óculos. e de mais algumas horas.
entretanto não tinha relógio e nem lentes.
queria viajar qualquer hora.
não sabia pra onde ir.
as palavras imóveis.
pareciam correr de seus olhos.

Não tinha mais caneta. nem papel. e ainda assim escrevia.
procurava a conjugação certa.
emendava uma hipérbole em uma metáfora.
o substantivo seguia o adjetivo.
não tinha rimas. ou combinações.
apenas gostava de escrever. mesmo que não lesse depois.

3 comentários:

Unknown disse...

minha cabeça dá nós que nem papéis e nem canetas conseguem acompanhar. ainda assim rabisco umas carinhas de emoção e futuco as trilhas sonoras pra sintetizar algo. o resultado me agrada. *rs - obrigado pela visita.

Alexandre Henrique disse...

Adorei este texto! Adorei enxergar a precisão da leitura e da escrita sendo destruída pela imaginação, basicamente você descreveu a essência da vida no momento e na perspectiva. Muito bonito isso.

Anônimo disse...

tantas vezes já não fiz isso... descrição perfeita de muitos momentos em que queremos nos derramar em palavras, mesmo que nunca sejam lidas.