sexta-feira, 15 de maio de 2009

Bilhete


já fazia um tempo que esperava por ele. demorava tanto tempo pra chegar. às vezes fugia pra vim ver a menina de sapatos vermelhos. era tão mais alto que ela. poderia escondê-la do mundo se quisesse. todas as tardes escrevia pra ela. e ela respondia pra ele. até que ele chegava numa sexta-feira perto da madrugada. e ela anciosa sem sono esperava. corria pros longos braços dele. e se jogava num salto. ele encostava a barba mal feita no pescoço dela. e falava de toda a saudade que sentiu durante a semana. depois segurava as mãos dela bem forte para que não escapassem. ela já sabia do jeito dele. e em alguns momentos ele fazia imenso silêncio. coisa que não a incomodava mais. afinal de contas homem nenhum gosta de falar. é que mulher é diferente. precisa dividir as coisas. ligar pras amigas no meio da noite. ela era assim. outras vezes ele fazia surpresa. e levava ela pra andar de bicicleta num jardim de flores amarelas. depois abria um vinho. e comemoravam qualquer coisa. depois de tanto tempo ela estava pronta pra ser dele. antes tinha medo. agora já não tinha mais. de tão livre que se sentia com ele. era um apego sem exigências. só por desejo.
passaram meses de amor acelerado. até que numa noite de sexta-feira ele não apareceu. deixou apenas um bilhete de despedidas. não continha explicação. nem desculpas. nem sequer um eu te amo. ela chorou por semanas. escreveu um bilhete. e até que enfim. se despediu dele também.

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