terça-feira, 20 de julho de 2010

Insensatez

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...)

(Caio Fernando Abreu)

Ela: Você me assusta?
Ele: Por quê?
Ela: Essa sua ausência, indiferença, abandono...não sei explicar.
Ele: Mas nos falamos todo dia.
Ela: Não te vejo e você está sempre tão distante.
Ele: Tenho minha vida.
Ela: É...é mesmo. Eu acho que não faço parte dela, isso dói.
Ele: Você faz parte de tudo. sempre fez.
Ela: Não entendo você. É tão frio. E depois me diz essas coisas que parecem tão falsas, mesmo que eu queira acreditar.
Ele: Eu amo você, esse é meu jeito, você disse que ia entender.
Ela: Eu menti, não entendo tua frieza. Preciso de mais afeto. Preciso de mais você.
Ele: Eu amo você.
Ela: Também te amo. Mas conviver com isso é um abandono. É estar sempre só. Sem apoio.
Ele: Estou do seu lado.
Ela: Mas me sinto sozinha. Você não vem me ver, mesmo estando tão perto.
Ele: Me desculpa. Vou mudar. Qualquer hora eu apareço.
Ela: ...

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