segunda-feira, 10 de agosto de 2009

tinha tantas coisas pra contar a menina mulher. tinha sentido de tudo nos últimos dias. gosto e desgosto. vontade e desvontade. mas não sabia o que dizer. guardava tudo pra si. os sorrisos e as verdades.
daqui a pouco o dia ia nascer. e ela esperava ansiosa. não conseguia dormir antes de ver o sol chegar. tinha se cansado de partidas. por isso gostava daquela chegada. o sol esquentava seu corpo e iluminava o quarto branco e amarelo.
sentia a preguiça de segunda-feira. e se vestia lentamente. colocava roupas discretas pra passar despercebida. era quieta. era contida em seus atos. tinham tantas mulheres que trabalhavam com ela. mas não tinha amizade com nenhuma delas. conversava o necessário. não mantinha vínculos. as poucas amigas que teve tomaram rumo. e telefonam às vezes. era sozinha. e acostumada com a vida que tinha. não queria mudar nada. porque apesar das muitas vontades. faltava-lhe coragem. escolhia o certo. jamais o duvidoso.
passou o dia sonolenta e pensativa. escrevia algumas palavras naquele montante de papel branco a sua frente. nada que fizesse sentido. jogava elas lá e deixava. enquanto isso perdia o olhar em qualquer canto. se distraia. depois voltava. o dia acabaria logo. e ela nem tinha nada pra fazer. voltaria pra sua casa com jardim. sentaria no sofá azul e ficaria lá até ter que ir pro banho. não dessa vez.
foi até a cozinha. preparou um café forte. acendeu um cigarro e foi até a janela. olhava todas as poucas pessoas que passavam pela rua estreita que morava. eram diferentes dela. faziam coisas. voltavam ou iam pra lugares. sorriam. falavam. algumas até cantavam. por um segundo quis arriscar. tomou o último gole de café. apagou o cigarro. olhou pra algum canto qualquer e se perdeu. ao voltar a si se acostumou de novo. e foi pro banho.

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