terça-feira, 21 de abril de 2009

Destino

O vento batia forte na janela de vidros pequenos, agora ela não se importava mais com tempo. Olhava as luzes de fora e se iluminava por dentro. A menina de exageros fumegantes e coração acelerado, perdia o sono nas noites de frio. Pensava que o vento traria de volta o que o tempo havia levado.
Tocava a última carta dele que havia recebido, os dedos suados molhavam a esperança viva daquelas palavras. Tinha tanta coisa ali, naquelas poucas linhas rabiscadas por uma letra pequena e torta. A promessa terminava com um pra sempre eterno, que ela teimava em esperar.
Tinha se passado três anos desde que eles já não se viam mais. Ela nem sequer conseguia pronunciar a palavra amor, mas é que depois dele, os outros foram os outros. E os sentimentos perderam os rumos. Queria encontrá-lo numa noite qualquer, talvez não precisasse dizer nada.
O aniversário dele se aproximava, e ela sempre escrevia cartas pra mandar, depois as guardava. Numa tarde vazia, o celular tocou, e era ele. Ela ficou sem voz, sem ar, sem ação.
- Quero que você vá no meu aniversário. Vai ser só uma reuniãozinha, mas preciso te ver. A primeira vez que nos beijamos...
- Foi no seu aniversário, eu me lembro.
- Precisamos conversar, o tempo já foi longo demais e as histórias erradas em excesso. Você volta?
- Como?
- Você vem?
- Não sei. Quero ir...
A tarde ensaiava um outono quente, ela comprou um livro de poesias e foi. Sabia que esperava por isso, e que o vento havia trazido ele de volta. Ele a esperava na porta, e sorriu quando a avistou de longe. Ao se aproximar a abraçou forte para que não escapasse, e disse no ouvido dela num sussurro súbito:
- Eu nunca consegui te esquecer, te amei esses anos todos...
- Era você o homem do meu destino...
- E por que me mandou embora?
- Precisava ter certeza, precisava ter outras histórias, e te peço desculpas, porque no fim eu não precisava de nada mais, só você.
- Já estava escrito. É nosso destino,você e eu, uma coisa só...
Foi assim que se encontraram de novo, dentro de uma segunda chance do destino. E tudo o que ela queria dizer é que ele foi o único, e que enquanto ele estivesse ali ao lado dela, ela estaria. Não tinha caminho sem ele, não tinha exageros sem ele, não tinha história sem ele. Por isso, acreditava em destino e em pra sempre...

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Maktub?

Talvez sim.
Talvez não.

Um carinho, Jaque.
Continuemos...